Fúria Primitiva

 

Numa trama de vingança, a ação torna-se quase um subproduto óbvio e interessante. Viver esse sentimento de retorno, de destruir, de retomada da honra é um gostinho bom demais. E aqui temos novamente isso. Algo que torna-se repetitivo numa fórmula quase obrigatória. Impossível falar de Fúria Primitiva sem citar John Wick.

E se na ação, câmera ágil, golpes potentes, lutas-balés lembra uma cópia ambienta numa Índia neon, quase incompreensível e numa vingança sobre religião, castas, gangues. Dev Patel inicia sua carreira de diretor com um estilo bonito, com boas intenções, visualmente bem arquitetado, porém ele parece mais um jovem hollywoodiano tentando ocidentalizar toda uma cultura - que ele conhece tão bem.

É uma lástima ver um filme indiano tão pasteurizado que parece mesmo ser o John Wick indiano. E mesmo sem ser grande fã do cinema indiano de ação - vide RRR - consigo ver muito mais coração e autoralidade ali do que nessa miscelânea onde só substituíram atores e línguas faladas. Uma pena.

Vitor Stefano