A Outra História Americana

 


Um impacto. A violência racial se coloca como traumatismo de uma sociedade cindida em dois: brancos e não brancos - mas aqui, o alvo são os negros. O grupo neonazista que Derek Vinyard comanda se apresenta como uma retratação da história com a superioridade da raça contra a “sujeira” que toma conta de Venice Beach. Um grupo de cabeças raspadas se reúne e andam em bando em busca dessa autoridade moral e racial. Todos ali ao redor estão convencidos disso. Inclusive o irmão mais novo, Danny.

Mas nem sempre assim será. O filme tem uma ótima escolha de montagem com idas e vindas - com maravilhoso uso clássico do branco e preto pro passado e o colorido pro presente. Não é só uma mera questão estilística mas há algo por detrás disso. O contraste entre preto e branco. A prisão de Derek faz dele uma nova página. Após duas mortes covardes e impactantes - cena inesquecível - a prisão torna-se uma realidade paralela. Onde sua cor não determina mais força. Sua suastica no peito já não tem mais o impacto daqui fora. Um símbolo que se esvai em sentimento, em força, em consciência e peso. O falo que cai.

O filme é uma clara demonstração de como agem esses grupos racistas e como há uma clara necessidade de abrir os olhos pra quaisquer gatilhos - emocionais e emancipatórios. Como se faz necessário um diálogo amplo e aberto sobre a questão. De como os discursos falaciosos e simplistas colam com facilidade na cabeça vazia. Na dor. No luto. É um filme antiracista que suscita muitas dúvidas e questões. Seria o discurso correto? Seria a força da imagem certa? Seria o discurso de encarceramento devidamente falado? Não sei…mas é um filme que abre meus olhos, me inquieta, me amedronta, me reflete e faz refletir. Uma atuação brilhante do Edward Norton. Um beleza plástica fabulosa. Impacta com sua dramatização e emociona só na força do cinema - a imagem. 

Acho fabuloso.

Vitor Stefano

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