Corra!


Nome Original: Get Out
Ano: 2017
Diretor: Jordan Peele
País: EUA
Elenco: Daniel Kaluuya, Allison Williams, Catherine Keener, Bradley Whitford, Caleb Landry Jones, Marcus Henderson e LilRel Howery.
Prêmio: Oscar de Melhor Roteiro Original, Filme do Ano no AFI Awards, Melhor Roteiro, Diretor Estreante e Prêmio da Audiência no Gotham Awards.
Corra! (2017) on IMDb


A humanidade já conseguiu exterminar doenças, superar guerras, destruir pragas, desenvolver tecnologias, multiplicar produções e replicar DNA. O ser humano na sua evolução histórica já alcançou lugares inimagináveis e continua sua caminhada ao infinito. Não há outra explicação. A busca do homem, do homo sapiens em sua essência é a imortalidade e para alcança-la não haverá limites. Claro, há muitas barreiras que os homens ainda não alcançaram e, talvez, nem alcancem, como o preconceito. Aparentemente sempre estamos um pouco melhor do que a geração anterior mas não creio passar de uma hipocrisia temporária. É muito pouco para quem já chegou à Lua ou para quem criou a luz elétrica. A humanidade está no caminho certo rumo à sua perpetuação e não sei se é algo tão animador.

Prestes a conhecer os pais de Rose, percebemos que Chris não está muito confortável. Negro com namorada caucasiana. Ela sempre tergiversa mas reforça que os pais são abertos e nada preconceituosos. Ao chegar na bela casa depara-se com uma família amorosa, calorosa. Até que as coisas vão melhor do que imaginadas, mas apenas a princípio. Ao ver que todos os empregados são negros, não há como não ficar incomodado. A namorada consegue mantê-lo tranquilo e aberto às conversas com a família. O pai declara em certo momento que se pudesse votaria pela terceira vez em Obama – um leve alívio à Chris. Mas à medida que o tempo passa situações estranhas e bizarras passam a acontecer, principalmente com os empregados, que tem uma aspecto robótico. Chris acaba caindo nos encantos da sogra, uma psicóloga que usa a hipnose como método de terapia. Chris nunca mais será o mesmo. Aquela família nunca mais será depois de Chris. O absurdo acontece.


O mix de humor nervoso, horror perturbador e ficção científica faz de “Corra!” um dos mais relevantes filmes da atualidade. Não apenas pela difícil e arriscada mistura de gêneros que Jordan Peele faz, mas pela coragem de tocar em assuntos tabus de forma tão engenhosa. Daniel Kaluuya atua de forma brilhante. Através de seus olhos percebemos o horror, o ódio, a surpresa. Apenas os seus olhos são mais expressivos que muitos atores completos. Todo elenco que o rodeia tem ótimas interpretações, dando vigor e a profundidade necessária para nos prender. Claro, trata-se de um roteiro muito bem articulado, cheio de surpresas – e nada perto das costumeiras aparições repentinas de filmes de terror – e ácido. “Corra!” te faz ficar paralisado na cadeira. Te faz refletir. Te faz imaginar o absurdo. Te faz odiar o humano. Não há muito o que falar (até para não dar spoilers) apenas recomendar vê-lo. Engoli-lo. Vive-lo através dos olhos de Daniel Kaluuya. Se é possível fazer uma sinopse, diria: Deleite-se com a versão cinematográfica da frase “Eu não sou preconceituoso, até tenho amigos negros” com o horror bem humorado cheio de críticas sociais de Jordan Peele. É, há salvação, graças a filmes como “Corra!”.

Nota: 8,5

Vitor Stefano
Sessões

Comentários

  1. Quero muito ver esse filme! Pela crítica elaborada pelo Vitor já posso colocá-lo na lista dos potenciais objetos de estudo para escrita de artigos acadêmicos. Procuro filmes em que há crítica sobre diversidade de modo complexo e "não militante". Valeu!

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  2. Que bom que volto, nós cinéfilos agradecemos!!! Sempre com críticas que acrescentam na nossa visão global do roteiro e da interpretação particular de cada um. Sempre ligada em " Sessões "!!! Parabéns Vitor!!!

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