A Forma da Água

Nome Original: The Shape of Water
Ano: 2017
Diretor: Guillermo del Toro
País: EUA e Canadá
Elenco: Sally Hawkins, Michael Shannon, Richard Jenkins, Octavia Spencer, Michael Stuhlbarg e Doug Jones.
Prêmio: Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Trilha Sonora e Melhor Direção de Arte, Melhor Diretor e Melhor Trilha Sonora no Globo de Ouro, Leão de Ouro de Melhor Filme e Melhor Trilha Sonora no Festival de Veneza.

 

A partir do momento que a fantasia passa a fazer mais sentido que o mundo real percebemos que estamos condenados a injustiças, infelicidades e desamores. Sempre ouvimos que o amor é resposta para todas as perguntas, mas de que vale o amor se não há como perpetuá-lo. Encontrar uma paixão, doar-se de corpo e alma, desejar e ser desejado, ser correspondido de forma permanente é algo que acontece apenas uma ou duas vez na vida. O tesão exala dos poros e atinge o ápice em um abraço carnal, penetrado. O amor, o desejo, a paixão. Mas é uma fantasia ou a realidade? Se é sentimento, é verdade. Se é reciproco é salvação.

A rotina de Elisa Esposito é monótona. Dorme durante o dia. Acorda à noite para ir ao trabalho. Ovos para cozinhar. Banho cronometrado em banheira. Masturbação. Prepara a marmita. Engraxa um de seus sapatos. Deixa um pratinho no vizinho. Desce as escadas externas defronte a um lindo cinema de rua. Pega o ônibus onde encosta a cabeça na janela e chega ao trabalho - atrasada e é sempre ajudada pela falante amiga Zelda. Ela compensa a mudez de Elisa. Elas são faxineiras num laboratório secreto do governo americano e trabalham no período noturno. A chegada de um ser aquático, advindo da floresta amazônica faz a tensão daquele laboratório mudar, principalmente com a chegada do chefe de segurança Strikland - um típico machista, branco e brucutu americano que quer apenas matar o monstro para que os russos não tenham acesso a este animal. Como numa fábula, Elisa e a figura mística se entendem sem ao menos trocar uma palavra. Ela entende o seu isolamento. Ele dá a ela o que precisa. Nada mais que carinho e atenção. É uma atração fatal.

“A Forma da Água” é um grito pela tolerância de credos, cores, espécies e diferenças. É um conto de fadas entre o ser extraordinário e a mulher imperfeita. Uma história surreal, mas real. Se vivemos um mundo onde não há amor entre seres iguais, “A Forma da Água” vai além e prova que não há limites para o amor. Tecnicamente o filme é perfeito, desde a maquiagem no personagem aquático, passando por uma fotografia impecável que nos remete à época da Guerra Fria, com excelentes locações e belíssimos detalhes na residência da Elisa e do vizinho Giles, além de atuações incríveis. É impecável, lindíssimo. Mas de nada adianta uma produção tecnicamente fabulosa num roteiro fraco - mas não é o que acontece aqui. O que tinha tudo para ser uma maluca viagem de paixão entre dois seres excluídos numa época de tensão constante, torna-se um ode à tolerância e amor. Tão atual. Não é necessário “entrar na história” parar criar empatia com os personagens, pois é impossível não entrar e não tê-la. Guillermo realizou uma nova obra-prima, algo que não pensei ser possível de quem fez “O Labirinto do Fauno”. Sensacional...

Nota: 9,5

Vitor Stefano

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