Como Nossos Pais


Nome Original: Como Nossos Pais
Diretor: Laís Bodanzky
Ano: 2017
País: Brasil
Elenco: Maria Ribeiro, Paulo Vilhena, Clarisse Abujamra, Jorge Mautner, Herson Capri e Cazé Peçanha.
Prêmios: Melhor Filme, Diretor, Atriz, Ator, Atriz Coadjuvante e Montagem no Festival de Gramado.



É mãe, filha e avó
Mulher está sempre no centro
Centro do furacão, das atenções, do apedrejamento
Vê na mãe uma bruxa
Vê o pai como herói
Vê na filha uma substituta

São desafios diários
Ser a melhor em tudo é o satisfatório
Mulher dá duro no trabalho, em casa, na sociedade, na vida.
O marido faz o que quer, como quer, se quiser.
E ainda é o bonzinho por fazer o mínimo
Chegam em casa e ele ainda quer que ela ainda lhe dê o cú. E sem reclamar, sem conquistar.

Ser mulher é o dom de parir outro ser que a consome, o dom de amamentar um mundo que a oprime, o dom de aguentar o mundo nas costas
E se não aguentar, será frágil.
Mas ainda assim serás mais forte que o mundo.
Desse vasto mundo que a rodeia.
Da qual és o sol, centro e luz...


“Como Nossos Pais” é uma ode à mulher contemporânea. Laís Bodansky é uma diretora sensacional, que admiro desde sempre e tive a sorte de poder entrevistá-la há alguns anos (link). Todos seus filmes são relevantes e abordam profundamente temas importantes, temas universais. Seja a loucura em “Bicho de Sete Cabeças”, a velhice em “Chega de Saudades”, a adolescência em “As Melhores Coisas do Mundo” e agora o feminismo. E não o feminismo caxias e politizado, através de Rosa e quem a rodeia, Laís nos mostra como a mulher é o centro, base e pode ser falível. E que há sentimento, há indignação, há voz e que devemos ouvir. A sociedade patriarcal que ainda vivemos não tem espaço, não tem chance. Laís fala com a cabeça e com o coração.


Maria Ribeiro está no papel da sua vida. Ela como escritora é uma feminista de carteirinha, mas atrás de um papel como de Rosa, conseguiu expor fraquezas e a fortaleza dentro dela. Da mulher, dona de casa, sonhadora, com desejos, com resquícios e com a eterna busca de saber quem é. Clarissa Abujamra vivendo a mãe Clarissa está altiva, forte, intensa. Ela está num pedestal. Ela transgrediu, ela vai morrer e ela só quer mais um cigarro. Não tem arrependimentos. Paulinho Vilhena também está em seu melhor papel, finalmente um papel adulto para o eterno jovem galã. Ele está errático, forte, sendo homem. Mentindo como homem, não como menino. Mautner é Mautner como o pai sonhador, maluco, herói. Um início num almoço de família como outra qualquer. Com cutucadas e provocações como outras quaisquer. Uma família como outra qualquer. Uma história como outra qualquer. Por isso que as mulheres deveriam chamar suas mães para ver, suas filhas para ver. Os homens que são homens, deveriam ver o filme ao lado das mulheres de sua vida, para se envergonhar, se ver, se enxergar e se colocar no lugar delas. É uma pequena obra de arte com seus defeitos, mas quem não os tem. Laís, muito obrigado por mais uma dessas obras que nos faz abrir mentes, ver outra perspectiva, ver além do que se vê...

Vitor Stefano
Sessões

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