Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
Nome Original: Hoje eu Quero Voltar Sozinho
Ano: 2014
Diretor: Daniel Ribeiro.
País: Brasil
Elenco: Ghilherme Lobo, Fabio Audi, Tess Amorim, Lúcia Romano e Eucir de Souza.
Prêmio: FIPRESCI Award e Teddy Award Best Feature Film no Festival de Berlim.
Ano: 2014
Diretor: Daniel Ribeiro.
País: Brasil
Elenco: Ghilherme Lobo, Fabio Audi, Tess Amorim, Lúcia Romano e Eucir de Souza.
Prêmio: FIPRESCI Award e Teddy Award Best Feature Film no Festival de Berlim.

Descoberta. Esta é a palavra capaz de descrever o filme.
Todos os dias são dias de conhecer novas coisas, de experimentar novas
sensações, de provar novos sabores, de entender o que você achava que já
conhecia. Descobrir e redescobrir é uma tarefa diária, uma tarefa eterna. Aos
15 anos todos segundos acontecem novidades. Conhece-se amigos que serão pra
vida toda, vive-se como se não houvesse amanhã, ouve-se a mesma música até
decorar o sussurrar do cantor, decide-se o que fará quando tiver 30, entende
que seus pais são inimigos mortais, mas em segundos sabe que eles serão sempre
seu alicerce, vive o sexo com medo, mas com muita curiosidade, beija-se até o
portão. Uma época caótica, volátil, inventiva. Descobrir o mundo aos 15 para um
menino cego é mais que descoberta, é uma exploração subaquática em mares nunca
navegados, onde no escuro do mundo está tudo que se precisa para viver.
Leonardo é o jovem cego. Dentro da família vive com a
superproteção da mãe, apoio do pai e acolhimento da avó. Leonardo é cheio de
sonhos, mas sempre tem na sua deficiência uma barreira, seja para sair de casa,
ficar sozinho em casa, fazer um acampamento ou mesmo para fazer um intercâmbio.
Não há chances para a precaução da mãe. Dentro do colégio tem apenas Giovana,
sua melhor amiga, sua companheira, seus olhos. Do resto da turma é apenas um
estorvo, uma piada fácil. Giovana sempre o apoia em tudo. Uma amizade
maravilhosa. A chegada de um menino novo na sala vai mudar tudo. Tudo por
dentro. Gabriel torna-se um bom amigo da dupla, mas a presença de um menino
novo na sala sempre causa assédio das meninas. Gabriel é encantador, tipo um
anjo e, como não podia deixar de ser, Giovana e Leonardo também se encantam
pelo jovem de cabelos encaracolados. Moderninho, ousado, inteligente,
descolado. Todos os olhos miram Gabriel. Leonardo mira seu coração e como a
adolescência é uma roda gigante, as paixões tornam-se insustentáveis num
coração juvenil.
“Hoje eu Quero Voltar Sozinho” é delicado, inteligente e
ousado. Enquadrá-lo apenas como um filme gay é ignorância. É um filme juvenil,
absolutamente crível e um ótimo retrato da juventude atual, assim como é “AsMelhores Coisas do Mundo” da Laís Bodanzky. Filmes com romances intersexuais
estão cada vez mais comum, um retrato da sociedade que vem “saindo do armário”
com mais confiança e menos preconceito. Nesse ano tivemos “Tatuagem” e “Praia
do Futuro”, para lembrar os mais recentes. Daniel Ribeiro, em sua estréia em
longas, conseguiu com filmes que andam numa corda bamba um equilíbrio incrível.
Por ser um filho do curta-metragem “Eu Não Quero Voltar Sozinho”, Daniel sabia
que tinha um ótimo enredo e elenco nas mãos. Veja o curta:
Apesar de uma ambientação confusa, onde não sabemos em qual
época vemos os personagens, a atemporalidade da temática é que faz com que isso
não nos incomode. O elenco juvenil – Ghilherme Lobo, Fabio Audi e Tess Amorim -
está bem seguro e mostram uma sintonia incrível, certamente trazido do curta. Trabalho excelente de Daniel
Ribeiro por sua qualidade na direção, algo incomum para estreantes em
longas-metragens. Como disse, são dois temas que podem cair no exagero muito
fácil, mas que fazem rir, refletir e nos apaixonar, independente da escolha
sexual. Uma escolha muito boa para representar o Brasil no próximo Oscar pelas
qualidades descritas acima e pela universalidade das temáticas. De qualquer
forma, não seria a minha escolha, que ficaria com o fabuloso “O Lobo Atrás daPorta”.
Vitor Stefano
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