Cópia Fiel
Nome Original: Copie conforme
Ano: 2010
Diretor: Abbas Kiarostami
País: França, Itália, Bélgica e Irã
Elenco: Juliette Binoche e William Shimell.
Prêmios: Prêmio da Juventude e Melhor Atriz no Festival de Cannes.
“Não é o objeto que importa, mas sua percepção
dele”
Numa cidade da
Toscana, vemos uma palestra de um historiador de arte inglês questionando a
importância da originalidade de obras de arte e o valor das cópias feitas. A
obra original causa mais impacto que a cópia? Como identificar que o original é
original? Reproduções têm valor artístico ou o valor sentimental sobrepõe tudo?
Na pequena plateia, a dona de um antiquário cochicha e se comunica com o filho
adolescente que está ansioso para deixar o recinto. Ela quer estar ali. Ela
quer falar com ele. Deixa um bilhete para que ele a encontre no dia seguinte em
sua loja.
A francesa Elle recebe
James Miller, que precisa voltar para a Inglaterra, mas eles saem pelas belas
ruelas sempre discutindo sobre o valor da arte, como é estar no berço do
Renascimento, visitam uma região conhecida por abrigar casais em matrimonio. A
sinergia entre os dois é tamanha que por momentos nem prestamos atenção em que
estão falando. Por vezes é absolutamente inteligível. Por vezes nem mesmo
estamos ouvindo o que estão falando. Estamos observando a obra e o que pode nos
causar. Interessante mesmo é que por vezes eles falam em línguas diferentes e
nem nos damos conta disso. A intensidade do encontro aumenta quando em um café,
James precisa sair para atender um telefonema e a dona do lugar conversa com
Elle sobre as agruras do casamento, entendendo que são um casal. A partir dai,
não há mais um filme. Há uma aventura interpretada como você quiser. Com o
valor que você quiser dar. Com a percepção que você dá a ela.
É o primeiro filme
de Abbas Kiarostami fora do Irã, mas sua marca está lá. Um cinema observador.
Pelos personagens, pelo tema, pelo reflexo. Temos closes insistentes em Binoche
e Shimell, mas contemplamos o ambiente e vemos o mundo por reflexos em vidros,
espelhos, pela janela. Sem definir nada, Kiarostami faz de um filme uma obra
contemplativa, onde você fica pensando, imaginando as possibilidades,
imaginando o que pode ser. O que realmente acontece entre Elle e James? O que
realmente importa? Se nada se cria, tudo se copia, Kiarostami tira da cópia uma
originalidade nunca vista antes. Um filme impecável. Lindo.
Vitor Stefano
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