Vocês, os Vivos
Nome Original: Du Levande
Ano: 2007
Diretor: Roy Andersson
País: Suécia
Elenco: Elisabeth Helander, Jorgen Nohall, Jan Wikbladh.
Prêmios: Seleção Oficial do Festival de Cannes.
Ano: 2007
Diretor: Roy Andersson
País: Suécia
Elenco: Elisabeth Helander, Jorgen Nohall, Jan Wikbladh.
Prêmios: Seleção Oficial do Festival de Cannes.
Na arte, de modo
geral, mas no cinema de modo particular, às vezes acontece daquelas situações em que uma obra adquire caráter universal,
isto é, alguns artistas conseguem fazer por meio de sua arte uma obra aplicável à qualquer tempo e lugar
porque seu objeto é o próprio homem.
Roy Andersson em
Vocês, os vivos tenta fazer isso. O diretor nos coloca de frente a condição
humana em toda a sua grandiosidade patética; críticos à época alegavam que o
filme era uma espécie de “OCNI” objeto cinematográfico não identificado.
Para mim, o mais
fascinante foi a idéia de compor em 57 vinhetas com câmera estática as diversas
situações existenciais banais com uma pitada de humor sarcástico o que pode ser
enfadonho para aqueles que gostam de maior dinamismo nos filmes e preferem o
formato convencional. A fotografia merece destaque bem como os ambientes
monocromáticos em que predomina o tom de verde depressão.
Outro ponto alto do
filme é o humor e a ironia que permeia quase todas as cenas por seu caráter
burlesco e inesperado.O filme parece nos convidar a refletir sobre como passamos
nossa vida na terra. É como ele quisesse dizer “viver é algo complicado demais é melhor
rirmos dessa coisa besta que chama vida”.
Algumas cenas
particularmente ficarão na minha cabeça.
Por exemplo, a cena em que um senhor é
condenado à cadeira elétrica por ter derrubado um vasilha de porcelana de mais
de 200 anos fazendo aquela brincadeira de puxar o pano que cobre a mesa
rapidamente sem que os objetos caiam. No caso dele não deu certo e sua sentença:
morrer eletrocutado. Detalhe importante: Os juízes dão o veredicto tomando uma caneca
de cerveja e o advogado de defesa só orienta o seu cliente pra ele pensar em
outra coisa enquanto é amarrado à cadeira.
Em uma outra cena maravilhosa, temos o desabafo de um
psquiatra que diz encarando a câmera. “Sou um psiquiatra há 27 anos. Estou
completamente exausto. Ano após ano ouvindo pacientes que não estão satisfeitos
com sua vida,que querem se divertir,que querem que eu lhes ajude. Isso esgota, podem
acreditar. A minha vida não é exatamente muito divertida. As pessoas exigem
tanto. Essa é a conclusão a que cheguei: elas querem ser felizes mas são
egocêntricas,egoístas e pouco generosas, quero dizer que elas são simplesmente
mesquinhas. A maioria. Passar horas tentando fazer uma pessoa mesquinha feliz não faz
sentido. Não dá pra agüentar. Atualmente, só receito remédios, quanto mais
forte melhor. É isso aí ”.
Enfim, o filme é
recheado de reflexões interessantes e com um humor nada previsível recomendo
fortemente para aqueles que como eu creem em Sartre no sentido de que “o
inferno são os outros” mas também
naquele poema islandês desconhecido de que o “homem é a alegria do homem”.
Fernando Moreira dos Santos
Sessões de Cinema
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