BARAKA

Nome Original: BARAKA
Ano: 1992
Diretor: Ron Fricke
País: EUA



É um filme experimental sem diálogo dirigido por Ron Fricke que capta a vida humana, os fenômenos naturais e as manifestações culturais de diversos povos. Talvez,para os não cinéfilos, a ideia de mosaico ou uma aquarela da alma do mundo, definiria melhor o tema de Baraka. O material audiovisual foi captado  em 24 países de seis continentes durante um período de 14 meses.

O diretor trabalhou com Godfrey Reggio em Koyaanisqatsi obra anterior e com temática bem similar a Baraka.


Etimologicamente, Baraka em árabe significa uma manifestação divina que flui por aqueles que são escolhidos por Deus para tê-lá. Neste sentido, o título evoca a tentativa do diretor de compilar a alma da humanidade em toda sua diversidade e pluralidade.Tudo ali é, de um modo ou de outro, uma manifestação de deus.

Eu sempre tenho epifanias nirvânicas quando sou atingido por tentativas estéticas de capturar o sentido último das coisas.Se postas lado a lado, as cenas dos rituais africanos - primitivas e cruas e as cenas das pessoas se locomovendo nas grandes cidades - pós modernas e caóticas. Mostram um pulsar da humanidade que sensibiliza. Os  takes dos campos de petróleo em chamas no kwait contrastando com a paz de um monge budista acendendo velas para mim significam só uma coisa: várias faces de deus.



Para além da bela fotografia, Baraka é um filme para sair daquela zona confortável, ou melhor, daquele formato convencional de documentário conduzido por uma narração que serve para guiar nossa experiência e reflexão, em última instância, fazendo com que cheguemos à uma determinada conclusão. Felizmente, Baraka não está neste rol de filmes. Cada cinéfilo com suas preferências, para este autor Baraka foi uma agradável sequência de surpresas estéticas em que a própria montagem cumpre com o papel narrativo juntamente com a trilha sonora assinada pela banda australiana Dead Can Dance.

Em tempos de negacão da diversidade cultural e fortalecimento do nacionalisno Baraka é um convite ao contraponto, à tolerância e à morte da ideia de hegemonia. Merece ser apreciado em todos os seus momentos. Baraka é uma sinopse de tudo que somos.É a alma da humanidade. Algo que deveria ser mandado pro universo, se um E.T assistisse iria  saber que somos profundamente diferentes e únicos.

Fernando Moreira dos Santos
Sessões

Comentários

  1. Sucinto. Disse o que precisava. Baraka é um grande feito. Filme para ver de vez em quando. É sempre inspirador.

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