O Garoto da Bicicleta
Nome Original: Le gamin au vélo
Ano: 2011
Diretor: Jean-Pierre e Luc Dardenne.
País: Bélgica, França e Itália.
Elenco: Thomas Doret, Cécile De France e Jérémie Renier.
Prêmios: Melhor Filme do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e Melhor Roteiro no European Film Award.

Ver filmes dos irmãos Dardenne me conforta. Sempre foi assim.
Consigo identificar uma Europa real em seus filmes. Claro que as belezas
arquitetônicas estão lá, a beleza mostrada no cinema, há uma porção de
qualidades em se viver no Velho Continente, mas quando temos na tela um filme
dos belgas vemos que nem tudo são flores pelas bandas de lá. Há vida normal na
Europa. Há fome também por lá.
Um pequeno menino de 12 anos tem a meta de encontrar seu
pai, que o deixou em um orfanato sem motivo e despedidas. Entre uma fuga e outra, consegue chegar ao
local de residência de seu pai. A decepção é não encontra-lo e nem sua
inseparável bicicleta. Em nova fuga dos responsáveis pelo seu “novo lar”, Cyril
se agarra a uma moça, Samantha, a qual fica sensível à situação do pequeno e
quer ajuda-lo. O jovem e Samantha começam um relacionamento como mãe e filho
apenas aos finais de semana. Um carinho começa a ser criado apesar da
dificuldade da relação. Cyril quer descobrir o que aconteceu com seu pai. Essa
busca é dolorida e traiçoeira que deixa um amargor na vida do menino que é
expresso com as más companhias do bairro onde mora sua “nova mãe”. Educar um
filho na rebeldia juvenil é quase impossível. Quem diria para uma criança que
teve muitas dificuldades na vida. Entre brigas e afagos, Cyril e Samantha criam
um elo misterioso e cheio de força. Nem que a força seja bruta.
Em “O Garoto da Bicicleta”, apesar da “nebulosidade” do
assunto, é um filme poético-humanista por natureza. Com a esperança entremeando
toda a história, desde o encontro entre o menino Cyril e Samantha, a batalha
para buscar o pai, o envolvimento com os novos amigos e o final apoteótico, nos
deixa com uma ponta de um sorriso na busca de um mundo melhor. Cyril caiu, mas
levantou por nunca deixar de sonhar e querer melhorar. Samantha é um anjo em
sua vida. Os irmãos Dardenne são os mestres em contar o cotidiano, mas diferente
de “A Criança”, onde são secos e diretos, aqui vemos a humanização da situação.
Mesmo que estejamos num beco sem saída ou acuado no alto de uma árvore podemos
crer numa luz para a vida de Cyril ou de todos nós.
Vitor Stefano
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